Impactante, agonizante e claustrofóbico, Santuário (Sanctum) irá apresentar as maravilhas e perigos do mundo subaquático.
Produzido por James Cameron e dirigido por Alister Grierson, o filme é baseado na história real do roteirista Andrew Wright, que ficou preso numa caverna durante uma tempestade.
Em Santuário, Frank McGuire (Richard Roxburgh) é um mergulhador conhecido e respeitado por todos, que sempre está em busca de uma nova aventura ou descoberta. Durante uma expedição para explorar as cavernas Esa-ala, no Pacífico Sul, Carl (Ioan Gruffudd), Victoria (Alice Parkinson) e Josh (Rhys Wakefield), este filho adolescente de Mcguire, se unem à equipe de exploradores. Mas uma tempestade ocorre e prende toda a equipe nesse mundo subterrâneo, e a ordem agora é a sobrevivência.
É incrível o temor e angustia que você sente enquanto vê as pessoas tentando se salvar. Na versão 3D, a qual foi gravada com as mesmas câmeras que Cameron usou para “Avatar”, você sente como se estivesse dentro das cavernas. Então imagine só: cenas dentro de uma caverna escura e gelada (você dentro do cinema com o ar condicionado em 17°C), com água sufocando e afogando tudo o que vê pela frente (você com falta de ar e claustrofóbico). Eu saí da sessão pedindo para ver a luz do dia e tentando respirar ar puro.
Cameron deve mesmo gostar de ver pessoas morrendo e sufocando no fundo do mar. Já vimos isso em “Titanic” e “O Segredo do Abismo”. Mas em 3D a conversa é outra. Você realmente “sente” aquilo tudo.
O filme é muito impressionante, por isso, se você tem problemas graves em relação a ver cenas de morte ou tem claustrofobia em um nível crítico, é bom se preparar. Tudo foi feito pra chocar e impressionar mesmo. Mas tirando a sensação de sufoco, o filme é ótimo, muito bem dirigido e produzido, prendendo nossa atenção até o final.
Vale a pena conferir no cinema, e se possível na versão 3D.
Crítica por: Silvia Freitas (Blog).
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Hollywood adora um filme sobre lutadores. Já ajudou a consagrar “Menina de Ouro”, de Clint Eastwood, e “O Lutador”, de Darren Aronofsky. Ambos laureados em suas respectivas temporadas de premiações. Agora encontraram em “O Vencedor” mais um queridinho do gênero de lutas. O filme é dirigido por David O Russell (Três Reis) e tem, entre outros, produção executiva de Darren Aronofsky – de novo ele.
Mas, enquanto os dois primeiros tinham seus méritos divididos entre os vários quesitos que compõem um filme, os elogios para este terceiro vieram mais desequilibrados, concentrados especialmente na figura de Christian Bale (Batman – o Cavaleiro das Trevas), oficialmente apenas um coadjuvante.
É baseado na história real do boxeador Micky Ward, famoso boxeador dos anos 80. Micky era treinado pelo irmão Dicky Eklund, ex-lutador promissor que pôs a carreira a perder ao se envolver com drogas. O forte envolvimento com a volumosa e conturbada família atrasavam a evolução de Micky nos treinamentos. Pressionado pela namorada (Amy Adams), ele teria que escolher entre a família ou a carreira.
Primando por um roteiro quadrado, o diretor mostra-se competência para sequências dramáticas, mas não se sai bem nos combates. Estes são duros, sem alma, com pouco dinamismo de montagem e movimentação de câmera e uma péssima sonoplastia “soc-pum-pow”. O slow motion utilizado nas primeiras vezes só explicita a fragilidade destas cenas, que beiram a sonolência.
A metalinguagem se faz presente, em ótimas cenas com os membros da família, ora sendo entrevistados para programas de tevê – como um documentário que a HBO produziu sobre Dicky Eklund – ora aparencendo nas transmissões das lutas de Micky.
Se por um lado a ação não convence, o elenco realiza um trabalho primoroso e criam todos uma (anti) química incrível. Amy Adams (Julie e Julia) finalmente se livra do papel de boazinha que todos já sabem que ela faz bem para mostrar que é uma excelente atriz também para papéis de personagens mais duros. Melissa Leo dá um show no papel da mãe-louca da família, mas quem toma conta do espetáculo é mesmo Christian Bale, voltando a emagrecer mais de uma dezena de quilos – assim como fez em “O Operário” - em prol do personagem e não só isso: consegue diferenciar esta de qualquer outra atuação sua. Sua versatilidade e determinação impressionam.
A ponta frágil da corda é segurada por Mark Wahlberg, que é apenas correto, carregado o tempo todo por algum coajuvante. Assim como ele, seu personagem é muito mais desinteressante do que o de Christian Bale. O roteiro poderia ter sido facilmente alterado para que o protagonista fosse Dicky Eklund, mais denso e defeituoso que o irmão mais novo.
Os próprios cartazes do filme demonstram que o estúdio percebeu que uma inversão dos pontos de vista teria muito mais potencial, tanto que colocam sempre Bale à frente de Wahlberg, mais destacado.
Este é um filme que triunfa pelos seus elementos periféricos. A vitória dos coadjuvantes.
Crítica por: Fred Burle (Fred Burle no Cinema).
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Em 1997, Vincenzo Natali surpreendeu ao contar uma história de horror original e inteligente, com um orçamento baixíssimo – cerca de 360 mil dólares. O que parecia ser uma promessa de grande diretor e roteirista acabou não se concretizando e Natali dirigiu um par de filmes pouco destacados (Cypher; Nothing) e só agora voltou a roteirizar.
O fato de “Splice” ter sido produzido por Guillermo Del Toro (Hellboy; O Labirinto do Fauno) e ter no elenco Adrien Brody (O Pianista; King Kong) fez com que o mesmo fosse visto com disposição pela crítica, mas depois muitas vezes detonado pela mesma.
O casal de cientistas Clive (Brody) e Elsa (Sarah Polley) são exaltados por criarem organismos totalmente novos, para estudos com os órgãos destas aberrações. Paralelamente à pesquisa que têm sido pagos para fazer, decidem tentar uma experiência ainda mais ousada: criar um ser ainda mais desenvolvido que o primeiro, a ser parecido com um ser humano. No início, a criação parece desajeitada, uma aberração. Logo, torna-se parecida com uma mulher, atraente, mas perigosa.
Assim como a criatura, o filme também muda completamente o foco no decorrer dos cerca de 100 minutos. Seus criadores preparam o terreno para um filme “sério” de ficção científica e perdem cada vez mais o controle.
No trabalho de roteiro, a única regra que parece valer é a dos lugares-comuns e gratuidades pretensiosas a contar com a paciência do público. Nele, dois desenvolvimentos distintos parecem ter sido feitos: um de ficção científica e outro de thriller. Como thriller, o filme funciona em vários momentos, mas como sci-fi é esburacado, sádico e doentio.
Como o estranho impera, o inusitado casal interpretado por Adrien Brody e Sarah Polley funciona, mas seu espaço é tomado quando surge em cena a beleza do hibridismo de efeitos visuais com a atriz Delphine Chenéac – que dá corpo adulto a Dren, a criação genética do casal protagonista.
Tanto nos momentos de efeitos sutis como nos momentos de metamorfose de Dren, o uso do CGI impressiona e é um dos trunfos do longa.
No fim, “Splice” já não passava de um horror B, hypado pelo nome do produtor; genérico de “Alien” e “A Experiência”.
Como todo experimento científico ainda em fase de desenvolvimento, “Splice” é cheio de defeitos e perguntas não respondidas. Uma inevitável sequência talvez possa sanar as dúvidas, mas o caminho trash tomado não parece deixar espaço para a volta da sanidade.
Crítica por: Fred Burle (Fred Burle no Cinema)
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Sinopse: Jamie acabou de arrumar um emprego como representante farmacêutico. Durante seu trabalho, ele conhece Maggie, que sofre de Mal de Parkinson. Ela não quer um relacionamento sério e o mulherengo Jamie parece ser um par ideal, mas os dois acabam apaixonados.
Ao ver o trailer de O Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs), qualquer pessoa pode super que se trata de mais uma comédia romântica de “cara conquistador resolve mudar seu estilo de vida depois de conhecer uma mulher determinada”. A grosso modo, é exatamente isso que o filme oferece, mas o diferencial está em ir além de uma história tão fofa quanto esquecível.
O protagonista atua na parte mais podre da indústria farmacêutica: ele deve convencer os médicos a prescreverem os medicamentos de seu empregador a qualquer custo. Toda a questão que já foi bem explorada pelo documentarista Michael Moore em Sicko está evidente na comédia romântica. Os médicos com carga horária acima do aceitável, os lobbys das empresas farmacêuticas, os vícios em remédios de grande parte da população dos EUA... Tudo isso está lá e felizmente sem ser panfletário. As críticas estão nos detalhes.
A história se passa nos anos 90 e a trilha musical é bem agitada, com muitos hits que fazem os corações das meninas baterem ritimados. Novamente o trailer é uma boa referência, apesar de as canções executadas no filme serem outras.
A doença de Maggie colabora para a emoção de algumas cenas, o que pode levar às lágrimas. As atuações de Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal (que já formaram par em O Segredo de Brokeback Mountain) merecem elogios, com destaque da boa química entre seus personagens.
Crítica por: Edu Fernandes (CineDude) |
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Em 2008, o mundo se encantou com a fábula de horror romântica que o sueco Tomas Alfredson levou à tela grande, através do roteiro impecável de John Ajvide Lindqvist, que o baseou num romance de sua própria autoria.
Era sobre um menino que sofria bullying na escola e em casa não tinha muito suporte da mãe. O menino encontra consolo na nova vizinha, que ele mal poderia imaginar tratar-se de uma vampira, protegida pelo suposto pai – o encarregado de sair às ruas em busca de “alimentação” para a filha.
Como toda história original de horror que seja feita fora dos EUA e que teria potencial para ser uma grande sucesso – mas não o é por falta de distribuição decente –, a grande indústria logo tratou de comprar a ideia e fazer o seu tradicional – e quase sempre pavoroso – remake. Por sorte, o projeto foi assumido por Matt Reeves, que já tinha mostrado alguma criatividade com o interessante “Cloverfield”.
Mas criatividade não é, definitivamente, a maior qualidade da direção de Reeves em “Deixe-me Entrar”. Esta reside no bom senso dele, em manter quase todas as cenas do original e literalmente refilmá-lo. Pode parecer limitado, mas era o melhor a ser feito.
A história, que definitivamente não se resume ao horror, desta vez se passa na região de Los Alamos (EUA), no mesmo inverno que possibilitou Hoyte Van Hoytema entregar um belíssimo trabalho de fotografia no original, mas que desta vez se resume à tentativa de preservação do que já era bom.
É sabido que em time que está ganhando não se mexe, então por que não deixar que só um filme exista? Já não faz sentido refilmarem obras tão precocemente (somente com o pretexto de maior arrecadação em bilheteria), quiçá fazer uma cópia tão... cópia.
Felizmente, nem só de fatores-aquém vive “Deixe-me Entrar”. Michael Giacchino dá um upgrade na trilha sonora, ainda que exagere em momentos de suspense; Richard Jenkins (o pai da vampirinha) dá o ar de sua graça em mais um trabalho de coadjuvante de luxo de sua carreira e Chloe Moretz prova que sua carreira não se resume à elogiada Hit Girl de “Kick Ass”, deixa a afetação de lado e faz uma menina de dicotomia equilibrada entre a doçura e a violência advinda das suas necessidades animalescas.
Deixe-me Entrar” pode não ser mais nenhuma novidade, mas tem um roteiro tão bom que nem deixa brechas para ser estragado. Nem mesmo a cópia da cópia desgasta a sua escrita.
Crítica por: Fred Burle (Fred Burle no Cinema).
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